segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ao sonhar
Meus cabelos se misturam com as estrelas
E com os céus fazem um cobertor
Que cessa o frio
É um rio
Onde me lavam as feridas
Deitado, colho uma flor
Que deslancha numa chuva de perfume
E me aviva a alma
Caindo sobre mim
Sem que me arda a pele.
O antídoto para o mal
Dançando no umbral
Ao sonhar... ao sonhar.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Um Amor Pelo Mundo


Negro, preto, escuro, piche,
Diamantes que saltam da saliva
Reluzem nos dentes.
Um mastro enfiado numa terra
Que será abençoada,
A fonte da vida que jorra em abundância...
E tudo isso não é outra coisa senão vitória!

A Agonia De Dentro Para Fora


No fundo dos olhos azuis
As sombras do mundo
Tantos desenhos...
Várias cores.
Muitas versões, cisões, secções.
Só que hoje, sob o céu vermelho
Numa chuva noturna,
Os ventos são outros,
Os fragmentos são os outros.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Submersion in the Inverted River


Everything that is lying in the depths of my pupils
Is fading through the blue line
It is of a pure silvery-blue shine
Made collar

This stream flows more and more strictly
I am just hanging on the ceiling
Infinite and dark, with very occasional sparks of light

Roots and branches are now trying to reach me
But how long will it take them,
Since the curves are turning themselves
Into the road to somewhere I don’t know?
And between despair and glory
I wish this was a metaphor to Rebirth.

O Segredo da Manutenção da Vida


Estou perdido
Entre os grãos de areia em minhas costas
O tempo que se imbrica nas letras,
O ar dos pulmões, a água do sangue
E o quanto de vida em verdade me resta.

Quando meus olhos me acordam
É para me induzirem ao sono
Quando à minha volta está chovendo
Minha pele está sempre seca.

Mas quando, de estação em estação,
Eu a deixo ir porque decido viver
O povo acha estranho
Mas não largo meu couro por aí
O guardo em uma caixa,
Quando estou “mais ou menos” a reabro
Para me lembrar do que tem sido feita a
Tira de corda que me guia até então.
Porquê, e que ainda há vida. 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Condição de Momento Bom


A arte de ser quem sou
Uma vez por dia
Uma vez em eras
Liberta-me

O grito incontido
Feito expressão de cor e traço
Se torna canto belicoso
De mim para mim mesmo

Nessas horinhas
É como ouvir o voar das criaturas
Balançar-se à brisa
E ser isso prazer.

quinta-feira, 29 de março de 2012

E Você É...?

Sou isso, sou aquilo,

Mas no geral sou eu mesmo.

Relaxado, debochado, divertido, alegre,

Companheiro, veadinho, ranzinza, enjoado...

Vai saber?

Mas no geral, sou eu mesmo.

Não preciso de um corpo para ser, apenas vou sendo

O sexo, a biologia que se descabele tentando explicar

A psicologia que cometa suicídio tentando entender

Orlando que me abençoe, porque aí sim, fui contemplado.

Posso ser mãe, posso gerar um filho e dá-lo à luz,

Posso ser um insensível leitor matinal de jornais

Que não nota se o cabelo da consorte é loiro ou azul.

Posso ser a lágrima que escorre no rosto da pura

Donzela de vermelho à mercê dos desejos alheios,

Posso ser o músculo que se contrai no apertar de um gatilho.

E depois de tudo isso, que decido abreviar até aqui,

Já nem sei mais se sou eu mesmo

E olha a minha cara de quem está preocupado!

Enfim, e você... Quem é?

Estou sentindo um silêncio de espanto, e olhos esbugalhados...

Acho que pra variar, falei demais sobre mim mesmo.

Vamos ouvir um pouco sobre você,

Aposto que no fim, quem estará boquiaberto serei eu

E nessa coisa toda

Sei que nos identificaremos mais do que se fôssemos dois e dois

Somando um belo quatro.